Como Cuidar do Solo da Sua Horta e Jardim

Hoje Dia Mundial do Solo relembramos da importância deste recurso e da sua manutenção ao longo de todo o ano, e não apenas nas estações com maior relevância para hortas e jardins.

Bem sabemos que chega a esta altura do ano e, dependendo do que tem plantado na sua horta ou jardim, o aspeto pode não ser muito animador e não dar vontade de realizar tarefas pendentes. Contudo é fundamental cuidar do solo todo o ano, para que a produção das estações mais quentes seja beneficiada.

Sem um solo saudável não irá conseguir “convencer” as suas flores a florirem, os seus hortícolas a crescer e as suas fruteiras a produzir frutos. E como este é um processo que ocorre a um ritmo lento, não pode ser descurado em nenhuma altura do ano. Hoje relembramos das necessidades que deve colmatar no seu solo, para que a sua horta e jardim possam ser deslumbrantes e produtivos todo o ano.

Pedras, entulho e infestantes

Ao longo do decurso de um ano de realização, ou não, de tarefas no solo é natural que apareçam pedras e artigos considerados como entulho (peças de metal, borracha, plástico) que por vezes são enterrados nos terrenos, e desenterrados anos depois por quem deles tenta cuidar.

É importante remover todas as pedras e objetos encontrados, pois bloqueiam o arejamento do solo e interferem com a sua capacidade de reter água das chuvas ou regas. Reutilize as pedras que encontrar para decoração ou delimitação de zonas no espaço e reutilize ou recicle os restantes materiais que for encontrando.

Também associado a este ponto encontram-se as infestantes. Pragas de várias ordens e impactos que mesmo nas estações frias podem ser impiedosas. Aconselhamos que mantenha os hábitos de verificação dos seus cultivos e trate rapidamente de todas as ervas daninhas e pragas que encontrar.

Regar

Pode parecer controverso mencionar a rega quando estamos na estação chuvosa e, provavelmente, tem poucos cultivos em desenvolvimento, contudo é fundamental.

O solo é composto por inúmeras camadas e seres microscópicos, e não tão microscópios, que são fundamentais para a sua estrutura e estado ao longo do tempo. Acontece que esses seres, tal como nós, não sobrevivem sem água, mesmo nas estações frias.

Assim é muito importante que vá verificando as suas camas de cultivo, contentores e vasos para que não deixe secar o solo ao ponto de degradar a sua estrutura. Uma técnica eficaz de verificação consiste em enterrar ligeiramente o dedo no solo e, se sentir a terra húmida, não precisa de regar, se já a sentir seca, é hora de regar.

De notar que na estação fria deve ter o cuidado de regar com pouca quantidade de água, de modo a evitar alagamentos e eventual formação de gelo (dependendo da localização geográfica onde reside), deve também evitar regar muito tarde, pela mesma razão mencionada, mas também muito cedo, pois as plantas que tem podem encontrar parcialmente congeladas e ao regar poderá danificá-las.

Proteger

Este cuidado é muito importante para todos os que residem em locais de grande amplitude térmica ou temperaturas negativas, pois poucas são as plantas resistentes a geadas e temperaturas muito baixas.

Assim uma ótima sugestão para salvar as suas plantas, e simultaneamente manter o seu solo protegido e saudável, é criar coberturas.

Estas coberturas podem ser criadas artificialmente a partir de material resistente, como por exemplo plástico reutilizado, e adaptadas à realidade do seu espaço e tempo disponível.

Se pretender uma proteção apenas para o período noturno e tiver possibilidade de a remover assim que fica de dia, então pode utilizar qualquer material opaco. Se, por outro, lado pretender proteger plantas e solo, mas não tem tempo para as remover de dia quando o sol brilha, então deve optar por coberturas transparentes que possam manter-se (tipo estufa, mas tendo em consideração que deve ter ventilação reforçada, ou as suas plantas acabarão por morrer).

Plantar

Uma outra sugestão muito associada à anterior, talvez mais adequada a algumas situações, consiste em manter o solo plantado durante todo o ano. Tal significa que deve planear os seus cultivos de forma a que sejam contínuos, ou seja, sempre que uma planta termina o seu ciclo, já tem outra preparada para a substituir, não deixando assim o solo do seu lugar exposto aos elementos.

Esta sugestão é funcional em espaços de horta que se querem produtivos todo o ano, pois assim não tem espaços vazios que poderiam estar a contribuir para a sua alimentação, ao invés de degradarem o solo.

Contudo bem sabemos que nem todos temos possibilidade ou conhecimentos para ser assim tão organizados de repente, pelo que deixamos outra sugestão: escolha uma cobertura natural. Ou seja escolha espécies para plantar com o claro objetivo de cobrir o solo, por um período curto ou alargado no tempo. E há variedades para todos os gostos.

Desde plantas aromáticas com propriedades rastejantes, como algumas espécies de alecrim, tomilho e orégãos; flores como as campainhas, gerânios e gipsófilas (na imagem acima); “tufos verdes” como as gramíneas do Japão ou as festucas.

Apenas necessita de identificar para onde precisa destas plantas, que condições tem esse local (exposição solar, vento, inclinação) e procurar no viveiro da sua residência as espécies mais adequadas.

Tenha apenas em atenção que a grande maioria destas coberturas verdes possuem um desenvolvimento acentuado, e quando deixadas à sua sorte, tomam conta da totalidade do seu espaço com facilidade, por isso tenha o cuidado de as delimitar e conter apenas nos espaços que pretende, ou podá-las com relativa frequência.

Plantar abudos verdes

Uma outra opção de proteção do solo e simultânea melhoria do mesmo, consiste na plantação de adubos verdes.

Consideram-se adubos verdes todas as espécies que se plantam com particular intuito de melhorar o solo, pois têm capacidade para reter nutrientes específicos, aumentando a nutrição das camadas do solo, enquanto o protegem nos seus períodos de dormência ou “sem cultivo”.

Nesta época do ano pode plantar por exemplo: aveia comum, ervilha ou fava (as duas últimas com a grande vantagem de as poder consumir frescas, colhidas diretamente do caule, enquanto ocupa e fortalece o seu solo).

De notar que cada espécie de adubo verde é particularmente boa a captar e armazenar no solo um ou dois nutrientes em particular, pelo que se procura uma adição específica, deve realizar uma pesquisa mais avançada e compreender o que faz mais sentido para o seu caso concreto.

Fertilizar

Se planeia utilizar o solo brevemente e está apenas na fase de preparação e “espera entre cultivos”, eis a nossa recomendação mais eficaz: reponha substrato, fertilize o solo e cubra-o com material biodegradável.

Para tal aconselhamos que dê uma ligeira reviradela na superfície do solo, muito à superfície com um ancinho apenas para revolver e capturar infestantes, pedras e o tal entulho que mencionamos antes. Posteriormente verifique se necessita de repor substrato (recorra a fabricantes portugueses e com adequação a agricultura biológica) e adicione composto (bokashi, estrume cortido ou húmus de minhoca).

Por fim cubra o seu solo, enquanto os nutrientes que adicionou são lentamente introduzidos na sua estrutura. Pode fazê-lo com uma cobertura artificial, como mencionamos anteriormente, contudo se residir numa zona com temperaturas não muito baixas e pouca propensão a geada, utilize casca de pinheiro triturada ou caruma de pinheiro (ambas acidificam o solo), serradura, folhas mortas, papel ou cartão não impresso.

Da mesma forma que os adubos verdes é importante mencionar que todas estas coberturas libertam nutrientes diferentes para o solo à medida que degradam, pelo que é importante ter em conta se planeia plantar alguma espécie em particular, por exemplo: a caruma é ideal para morangos e batatas e a serradura para mirtilos.

Esperamos que estas dicas e lembranças o motivem a cuidar do seu solo todo o ano, a aprender um pouco mais com e sobre este recurso fundamental, e a tirar partido dele para alcançar hortas e jardins belos e produtivos.

Venha daí e ponha as mãos na terra connosco pois não há melhor maneira de assinalar o Dia Mundial dos Solos.