Conservar e Preservar Alimentos de Junho

Com Junho a encaminhar-se para o fim despedimo-nos de alguns legumes, frutas, aromáticas e flores comestíveis que entram agora, com o iniciar do Verão, em escassez natural. É o caso do espinafre, da ervilha, da fava, do funcho, da ginja, da groselha, do feno grego e do hibisco.

Assim é fundamental tirar o máximo partido das últimas unidades destes alimentos e ingredientes frescos recorrendo a técnicas de conservação simples e eficazes.

Aproveite as dicas de hoje e não deixe escapar bons negócios nas compras de alimentos em quantidade, danificados ou com tamanhos desadequados para venda convencional, conserve-os e usufrua das suas qualidades e nutrientes até à próxima colheita.

Espinafres

Conservar espinafres pode parecer uma tarefa difícil, pois as suas folhas são frágeis e rapidamente perecíveis, contudo as mesmas podem ser lavadas, secas com um pano de forma cuidada, e congeladas para aumentar a sua validade.

Para que esta congelação seja eficaz é fundamental que disponha as folhas num tabuleiro ou travessa no congelador e aguarde 1 hora pela sua congelação. Desta forma forma congelam praticamente individualmente e pode condicioná-las juntas num saco de congelação e, futuramente, é fácil retirar apenas a quantidade que precisa.

Pode, também, optar por escaldar os espinafres em quantidades fixas, escorrer, deixar arrefecer e congelar em recipiente apropriado. Com este método assegura maior longevidade, contudo, não poderá separar as folhas pois ficarão agregadas, o que não é um problema para utilizar em sopas, estufados ou purés.

Ervilhas, favas e funcho

As ervilhas e as favas podem também ser facilmente congeladas, devendo para tal, remover-se as suas cascas. Nestes casos pode colocar ambas diretamente num recipiente de congelação, na quantidade que normalmente utiliza, pois a sua separação pode revelar-se complicada quando congeladas em quantidade.

Para o caso do funcho recomenda-se a sua lavagem, corte em pedaços e cozedura breve em água a ferver. Assim que o funcho adquirir uma consistência mais mole, mas não totalmente cozida, remover e colocar em água gelada para parar a cozedura. Após 1 a 2 minutos remover o funcho da água gelada, escorrer e colocar num recipiente apropriado a congelador e de preferência hermético.

A conservação de alimentos frescos sem cozedura aumenta a sua validade para aproximadamente 3 meses, com cozedura, para aproximadamente 10 meses.

Preparados

Adicionalmente tanto os espinafres, como as ervilhas e as favas podem ser congelados em pré-preparados como sejam o esparregado e as sopas em puré.

Pode realizar a preparação destas refeições como bem entender e guardar em recipientes apropriados nas quantidades que mais lhe convier.

Contudo nestes casos é fundamental que anote exatamente que conteúdo tem cada recipiente para que não ocorra desperdício, porque se enganou na refeição que descongelou, ou enganos, como a disponibilização de um puré temperado para adulto a uma criança pequena.

A informação do que congela e como é muito importante em todos os casos. Pode fazê-lo na própria embalagem com um rótulo ou, de uma forma mais completa, num caderno ou nota no telemóvel. Para tal basta sinalizar o recipiente com uma letra ou número e, no caderno ou telemóvel, descrever de forma integral o que se encontra congelado, como e qual a validade esperada.

Ginjas e groselhas

As ginjas e as groselhas são bagas ainda pouco consumidas no nosso país, devido ao seu sabor ácido e amargo, contudo os seus nutrientes são importantes para o organismo e não devem ser dispensados.

Ambas as frutas podem ser conservadas em sumo congeladas. Para tal apenas necessita de lavar e triturar as bagas num liquidificador, coar o sumo obtido para remover as partes indesejadas e verter para um recipiente apropriado a congelação em quantidades facilmente utilizáveis, sugerimos recipientes pequenos ou cuvetes de gelo. No caso das cuvetes de gelo em silicone, pode verter o líquido, deixar que congele e retirar o cubo para um saco de congelação, vagando assim a cuvete para outras necessidades.

Se a acidez do sumo não o convida a usufruir das propriedades destas frutas ao natural não deixe de experimentar transformar as ginjas em doce ou licor, versões não tão saudáveis, contudo também importantes para a preservação desta fruta. Por seu lado as groselhas produzem um ótimo xarope que pode desfrutar ao longo de todo o ano, com parcimónia, pois o conteúdo de açúcar é moderado e não deve ser consumido regularmente.

Feno grego

Esta erva aromática é ainda pouco conhecida da cozinha portuguesa mas as suas propriedades são amplamente apreciadas na zona mais oriental do nosso planeta, sendo frequentemente adicionada a misturas de especiarias como o garam masala.

Nesta época do ano esta planta encontra-se no fim da sua temporada pelo que as suas sementes devem ser colhidas, assim como as suas folhas em boas condições. Ambas podem ser utilizadas na culinária na preparação de inúmeros pratos com influência oriental como o Aaloo Methi ou o Methi Daal, chás através da infusão das suas folhas previamente secas e até cosméticos.

Está comprovado que o feno grego possui propriedades que auxiliam a controlar o colesterol, o açúcar no sangue e até na lactação, no controlo do peso e dores menstruais e inflamatórias. Contudo, como sempre, alertamos que as propriedades das plantas devem ser utilizadas com precaução, de forma esporádica e não como suplemento diário ou tratamento sem supervisão de um profissional especializado.

Para secar as folhas do feno grego pode recorrer ao método natural ou a um desidratador. As sementes devem, também, ser previamente secas naturalmente antes do seu acondicionamento. As sementes e as folhas secas possuem uma validade superior a um ano, quando armazenadas hermeticamente e em local afastado de humidade e da luz solar.

Hibisco

As flores da planta Hibiscus sabdariffa possuem grande beleza estética e propriedades antioxidantes, diuréticas e auxiliares no controlo da tensão arterial alta e do peso. Não é assim de admirar que seja uma espécie com grande procura um pouco por todo o mundo.

Para a utilização culinária é fundamental que apenas se usem flores que não foram pulverizadas com nenhum fertilizante ou controlador de pragas químico, pois a toxicidade destas substância irá acumular-se nas flores e não será eliminada com fervura nem secagem.

As flores frescas devem ser lavadas com cuidado e dispostas numa grelha ou suporte que permita ventilação e cobertas com um tecido transparente que permita proteger as flores de sujidade e insetos.

O suporte com as flores deve ser colocado num local abrigado de humidade e da luz solar direta mas não indireta. Se estiver no exterior, recolher o suporte para o interior de casa durante a noite, para evitar a humidade desse horário.

Observar regulamente as flores de modo a verificar o seu estado de secagem, pode ser necessário revolvê-las para que sequem em ambos os lados. Assim que totalmente secas, separar folhas e cálices, descartar os estames, e guardar em recipiente hermético.

Estas flores podem ser utilizadas para criar chá e inúmeras receitas como geleia, gelado e gelatina.

Apresentamos assim sugestões de conservação para todos os legumes, frutas, aromáticas e flores comestíveis em escassez a partir deste mês.

Tire partido destas dicas e não deixe escapar bons negócios na compra das últimas quantidades destes alimentos, ou não deixe as suas plantas estragarem por não saber que destino dar a tanta produção.

A alimentação baseada em ingredientes frescos em época e a sua conservação para momentos futuros parece uma rotina idealista mas é possível concretizá-la de forma simples. Necessita apenas de algum planeamento e organização para adicionar estas tarefas na rotina diária sem grande alteração ou investimento de tempo.

Experimente. Os alimentos em época disponibilizarão à sua família mais nutrientes, momentos de degustação mais interessantes, pois o seu sabor é incomparável, e o ambiente agradece.