Cozinhar Sem Desperdício em Julho
Todos os meses nesta rubrica partilhamos receitas que aproveitam partes comestíveis de frutas e legumes em época, que são frequentemente descartadas por desconhecimento da sua possível utilização, ou sabor distinto do alimento em si. São exemplos as cascas, os caules e algumas folhas que acompanham vegetais, como sejam as cenouras e as beterrabas.
Estas partes comestíveis são igualmente nutritivas, dependendo da espécie podem apresentar nutrientes semelhantes ou diferentes do restante alimento, e permitem assim criar refeições variadas, saudáveis, sustentáveis e, não menos importante, económicas.
Neste seguimento dedicamos esta publicação a duas frutas em época neste mês e cujas cascas apresentam enorme potencial criativo: as peras e os pêssegos.
As peras são ricas em água, fibras e betacarotenos, possuem um teor de açúcar variável consoante o estado de maturação e variedade, e a sua casca denuncia o estado de amadurecimento do fruto, ou seja, uma pera com casca mais amarelada tende a ser mais doce, macia e sumarenta.
Deve ser manuseada com cuidado, pois com muita facilidade se fura a casca ou pisa a sua polpa interior. Para estender a sua validade, até aos 10 dias aproximadamente, devem ser conservadas no frigorífico com casca.
É uma fruta normalmente consumida com casca por ser prática e saborosa, contudo para todos os que não a apreciam, ou para os casos em que a mesma é um pouco adstringente e ácida, eis uma receita: chips de casca de pera.
É muito simples, basta: cortar a casca das peras em fatias finas, espaçá-las num tabuleiro de forno forrado com papel vegetal e polvilhar com canela (e eventualmente um pouco de açúcar, se as cascas forem muito ácidas). Levar ao forno a 200ºC, por aproximadamente por 10 minutos, e retirar as cascas à medida que forem ficando estaladiças. Dependendo dos fornos, pode ser necessário voltar as cascas a meio do tempo.
O pêssego, por seu lado, é uma fruta pobre em açúcares e importante fonte de betacarotenos, vitaminas E e C, fibras e potássio, que lhe conferem propriedades diuréticas e digestivas.
Se os comprar ainda verdes mantenha-os à temperatura ambiente para que amadureçam e, quando maduros, consumir em 1 a 2 dias, ou conservar no frigorífico até 7 dias. Devido à consistência da sua polpa não devem ser congelados.
Para um melhor sabor o pêssego deve ser consumido fresco e bem maduro, contudo devido à textura da sua casca, normalmente a mesma é descartada, sendo consumida apenas a polpa.
Para prevenir o desperdício propomos uma receita para utilizar as cascas sobrantes: licor de pêssego.
Eis como o fazer: lavar as cascas dos pêssegos num pouco de aguardente e colocar dentro de um frasco ou garrafa (com capacidade aproximada de 1L). Cobrir com meio litro de aguardente e deixar macerar por duas semanas, agitando todos os dias. Neste passo quantas mais cascas tiver, mais saboroso ficará o licor, contudo as mesmas devem sempre ficar cobertas pela aguardente. Se tiver muitas cascas pode sempre dobrar a receita utilizando 1L de aguardente, 1L de água e 1Kg de açúcar.
Passadas as duas semanas coar as cascas e reservar o líquido. Num tacho fazer uma calda com meio litro de água e meio quilo de açúcar. Deixar ferver em lume médio durante 4 a 5 minutos. Juntar o líquido de pêssego, misturar bem e verter para garrafas esterilizadas. Para maior sabor aguardar pelo menos uma semana antes de provar.
Duas receitas para aproveitar cascas de duas frutas em época que, eventualmente poderiam ser descartadas, e que serviram de mote para a criação de um snack saudável e de um aperitivo saboroso e perfeito para oferecer.
Esperamos que tenha ficado com tanta vontade de experimentar como nós.