Faça-você-mesmo Farelo para Bokashi
Quem nos acompanha sabe que somos tremendamente contra o desperdício de recursos, sejam eles de que tipo, pelo que a oportunidade que se apresenta com a compostagem dos restos alimentares e a sua transformação em novos recursos, é entendida por nós como fundamental para um estilo de vida sustentável e circular.
Com comprovada experiência na atividade, somos a favor da metodologia Bokashi, pela sua facilidade de execução em qualquer tipo de habitação, simplicidade do processo e recursos obtidos (fertilizante líquido e composto).
Relembramos que o sistema Bokashi pode ser comprado, através dos kits disponíveis, ou criado com recurso a embalagens de média dimensão, e apenas necessita de restos alimentares, de qualquer tipo de dieta, e farelo impregnado com os microrganismos que permitirão a decomposição da matéria orgânica por fermentação anaeróbia (uma reação de degradação que ocorre na ausência de oxigénio).
Contudo, e apesar da simplicidade, compreendemos que para algumas pessoas a dependência do farelo para que o processo ocorra de acordo com o esperado, pode ser motivo de desmotivação e frustração. Neste sentido, hoje trazemos uma receita diferente do normal: aprenda connosco a criar farelo bokashi, a partir de ingredientes comuns.
O procedimento tem vários passos e alguns intervalos de tempo pelo meio, pelo que não conseguirá o seu farelo do dia para a noite, mas não desista que a junção de alguns ingredientes de cozinha básicos e a magia do tempo irão permitir-lhe ser autossuficiente.
Para que ocorra a fermentação anaeróbica caraterística da compostagem Bokashi é necessária a presença da bactéria Lactobacillus e, assim sendo, necessitamos de a isolar de um alimento comum, promover o seu desenvolvimento, agregá-la a um farelo para fácil utilização e desidratar o produto final para maior validade.
Parece complexo, mas na realidade consiste apenas numa sucessão de passos acompanhados pela passagem do tempo.
Começamos por isolar a bactéria. Para tal basta: numa taça juntar duas chávenas de água não clorada (poderá utilizar água engarrafada, de poço ou destilada) a uma chávena de arroz e mexer. Verá libertar-se um líquido esbranquiçado.
Coar o líquido para um frasco e tapar o frasco com tecido permeável preso com um elástico ou mola, de modo que circule ar, mas não entre sujidade, e guardar em local fresco e escuro durante uma semana.
No final dessa semana no líquido do frasco deverão ser percetíveis três fases: um sedimento no fundo, um líquido intermédio e uma camada flutuante.
E assim chegamos à segunda fase: a propagação da bactéria.
Remover 70mL do líquido intermédio (que se presume já ter desenvolvido a bactéria necessária) com uma pipeta ou seringa plástica (normalmente utilizada na medicação animal) para um frasco limpo, juntar 710mL de leite e tapar. É importante que a tampa não seja totalmente fechada, uma vez que durante o processo vão libertar-se gases que se pretende que sejam capazes de sair do frasco (não use novamente o tecido porque não é pretendido que entre mais ar).
Guardar em local fresco e escuro durante duas semanas.
Passado esse tempo a sua bactéria passará a estar pronta para a terceira fase: agregação ao farelo.
Necessita de: dissolver 4 colheres de sopa de melaço em 12 chávenas de água morna não clorada. Juntar 4 colheres de sopa do líquido do frasco (aproximadamente 60mL) e misturar.
Juntar a mistura anterior em 4,5Kg de farelo de qualquer cereal, deixando apenas um fundo de líquido para retificar a textura do farelo, e envolver bem. O objetivo é que não exista farelo seco, e que quando se aperta na mão deve aguentar a forma. Se não for ainda o caso juntar o resto do líquido deixado de parte.
Colocar o farelo humedecido dentro de um saco de plástico, remover o máximo de ar possível do interior, fechar e colocar num local seco por duas semanas. Neste passo é pretendido que a bactéria utilize o alimento disponível no melaço e se multiplique de modo que todo o farelo possua quantidades razoáveis de Lactobacillus.
E só falta a última fase: o prolongamento da validade do farelo.
Após estas duas semanas o farelo está pronto a usar, contudo para aumentar a sua durabilidade recomenda-se a sua secagem.
Para tal basta colocar o farelo numa fina camada sob uma superfície plana ao sol. Posteriormente basta guardar o farelo desidratado num contentor devidamente fechado, acondicioná-lo em local fresco e utilizar sempre que necessário, até uma validade máxima de um ano.
E ei-lo! Farelo bokashi feito em casa com ingredientes de cozinha básicos. Sim, concordamos que é um processo longo com vários passos, mas não complexo. Esperamos que tenha ficado motivado a experimentar.
Se, por outro lado, este faça-você-mesmo não for para si, visite a Loja Online, adquira o Farelo Biogen já preparado, e não desista desta compostagem. É uma sensação única poder reutilizar restos alimentares para dar vida às nossas plantas de interior e horta!